Quero mais ... A princesa ...


Fim-de-semana lusitano, as Portas de Ródão, perto de Vila Velha de Ródão, resultante da intersecção do duro relevo das rochas da Serra das Talhadas com o curso do rio Tejo. Neste local há um estreitamento do vale, que aqui corre entre duas paredes escarpadas, que atingem cerca de 170 m de altura, fazendo lembrar duas "portas", uma a norte no distrito de Castelo Branco, e outra a sul no concelho de Nisa.

À beira do rio, soa um nome de mulher, um desses nomes doces, ternos, encantadores, é um paraíso que é tão bonito que até parece artificial, é como se estivesse dentro de um conto. Apesar do percurso do tempo o local ainda mantém um certo misticismo, um mistério de lembranças de outras épocas, de antanho quando príncipes, princesas, dragões e formosas damas passearam pelo que hoje são duas as ruas e canais.

Ainda brilhavam os últimos raios do sol, para deixar o lugar a uma branca lua. Dirige-me à pequena vila onde tinha ficado hospedado na estalagem, percorri este maravilhoso lugar, deixei atrás aquela maravilha da natureza e cheguei ao local, estacionei e comecei a caminhar. Detive-me no primeiro semáforo para peões, estava vermelho, poderia ter passado já que não tinha carros. Não tinha nada. Só ruas meias desertas. Não sei bem o que me fez estar ali parado num semáforo que não mudava de cor. Apesar de todo o tempo do mundo, os segundos pareciam eternos.

Aquele absoluto silêncio tinha sido quebrado, senti sombras nas minhas costas e uma doce fragrância sentia-se no ar, era um suave aroma indefinível. Olhei para trás e detive-me com a mulher que vestia uma saia pouco acima do joelho, permitindo ver umas meias que torneavam aquelas longas pernas. O seu cabelo comprido escuro, caía sobre os seus ombros, olhei mais um pouco e pude ver os seus olhos, alegres, divertidos. Pareceu-me ver um sorriso. Permaneci imóvel e o meu pensamento rogava a todos os espíritos e deuses daquele lugar que aquele semáforo estivesse avariado e não mudasse de cor.

Fiquei tão absorto, que de repente escutei a sua voz, cálida, muito sensual. Não consegui entender, acho que foi um som puro e como sou do norte e com pronúncia do norte, não entendi. Disse-lhe que não tinha percebido, ela sorriu mais ainda e falou novamente, mas mais uma vez aquelas palavras soaram apenas como uma música celestial, sorri novamente, ela percebeu o meu sorriso. E o semáforo estava já verde, começamos a cruzar a rua, foi então depois da travessia que aproximou-se, quase tocando-me e apanhou a minha mão. Fiquei sem saber o que fazer, deixei-me levar, falou novamente e novamente não entendi, pareciam vozes de outros tempos, apenas escutava uma melodia a sair da sua boca, uma melodia que embriagava. Esticou o braço e fez-me sinal para a acompanhar.

Acelerou o passo e segui-a, agarrado à sua mão como se estivesse quase a cair a um precipício e aquela fosse a minha única salvação. Dobrou a esquina e dirigiu-se para uma casa que, em outros tempos, deve ter sido um palácio. Empurrou a porta e entramos. Candelabros iluminavam a porta. Dei-me conta que era uma porta anónima, sem qualquer identificação, e que ela não vivia ali e que, quiçá, nunca tivesse estado ali antes. Levou-me até o final do corredor, onde iniciava uma escada, subimos um lanço de degraus, ficamos à entrada de um patamar de uma galeria apenas com umas velas ao fundo, deteve-se.

Abrigados pela penumbra daquele local, naquele canto, aproximou-se de mim, colocou as suas mãos no meu casaco de Jersey retirando-o, fez com que fica-se apenas com a camisa, juntou os seus lábios aos meus e senti um calafrio que percorria todo o meu corpo. Fechei os olhos e abri novamente, queria ter a certeza que não estava a sonhar ou a alucinar, e não estava, as suas mãos ágeis desapertavam os botões da minha camisa com agilidade. Deteve-se um bocado, apenas o momento para deixar cair o seu vestido no solo e retirou-me a camisa.

Deslizou as suas mãos pelo meu peito até chegar à cintura, onde introduziu a mão entre a minha pele e as calças. Agachou-se e baixou-me as calças, olhou para mim e nesse momento vi um brilho especial sair dos seus olhos. Não soube se era o de um anjo ou de um demónio. Pouco me importava nesse momento se era a salvação ou a perdição. Sentia que me ia devorar, começou lentamente a dar beijos no meu sexo que ia aumentando o seu volume, com uma mão afagava os tomates, lentamente, separando-os, com a língua começava a percorrer o meu talo, sentia uma loucura a percorrer o meu corpo, começou a chupar a minha glande com força, mais e mais, ia aumentando o ritmo do mesmo modo que aumentava a minha respiração, cortada, gemida, quase sem alento.

Levantou-se e terminou de tirar a sua roupa que eu ainda não tinha podido a tirar. Colou-se tanto a mim que pensei que me ia trespassar, que se ia meter dentro de mim. Nem um único espaço ficou livre no encontro dos nossos corpos. Levantou uma perna para a passar por trás das minhas e com as mãos agarrou-se às minhas costas. Sentia-me totalmente dominado, contra a parede, com os seus braços apertando-me fortemente contra si, as suas mãos fincadas nas minhas costas o meu sexo erecto e sem ninguém o conduzir começou a penetrar o seu. Levantou outra perna e passou-a por detrás de mim e as suas mãos agarraram-se aos meus ombros. Empurrou o seu quadril para abaixo e eu notei como me introduzia completamente no seu interior. Um pequeno gemido saiu da sua boca, fincou-me as unhas nas costas e me sussurrou algo ao ouvido enquanto começou a mover-se, primeiro lentamente e depois mais rápido.

Sentia um prazer estranho e os nossos gemidos tinham de se ouvir em todo o palácio provocado pelo eco, nada importava, Era como se estivéssemos sozinhos, no outro mundo. Sentia-a como se fosse parte de mim, como se fôssemos um único corpo, movendo-nos no mesmo compasso, naquela galeria. As nossas bocas devoravam-se mutuamente, as suas mãos fincavam-se mais e mais nas minhas costas enquanto eu queria sentir-me mais dentro dela. Estávamos loucos, o tesão era enorme, até que soltou um grito e ficou presa em mim, imóvel, apertando-se fortemente contra o meu corpo.

Foram só uns segundos, mas gostava que fosse uma eternidade.


Separamo-nos, e deslocou-se às escadas, de salto alto e completamente nua, apoiou as mãos no primeiro lanço que subia, olhou-me e empinou as nádegas, tinha o sexo empapado, reluzente, deu-me um tesão enorme ao ver a posição, aproximei-me e voltei a possuir, sentia o seu calor interno que queimava, de vez em quando deslizava as minhas mãos pelas suas costas, estavam frias, também deslizava pelos seus peitos, estavam duros, como rochas, quase nem se moviam, fazia um vai e vêm que ela respondia com os seus movimentos, eram rápidos como se fossem movidos por uma corrente eléctrica, fortes, constantes. Os gemidos e gritos voltaram a aumentar, excitavam-me, não eram sons normais, não sei se por causa do eco ou outro aspecto físico, mas eram sons de outro mundo, doces, eram gemidos incentivadores à excitação, desapareciam e voltavam, outra vez, cada vez mais, até que senti que explodia, que me derretia, que estava fundido no seu interior.

Separamo-nos, vestimo-nos e saímos daquele palácio. Já estava de noite e a humidade do lugar estava presente. Uma pequena bruma começava a invadir as ruas, talvez proveniente do rio Tejo. No seu rosto tinha um sorriso e aquele brilho tão especial nos seus olhos. E mais uma vez não sei se era um olhar de anjo que acabava de salvar o pecador ou de um demónio que me tinha levado à perdição.

Voltou a beijar-me e o aroma doce voltou a invadir as minhas narinas, disse algo que mais uma vez não entendi e com um sorriso desapareceu tal como tinha chegado. Fiquei imóvel por uns instantes, mas logo fui atrás dela, para lhe dizer algo, nem que fossem palavras ocas, pedir o número de telefone, o que fosse. Mas ao dobrar a esquina vi que não existia nada. A rua estava deserta. Era impossível que tivesse desaparecido assim, como se fosse um espírito.

Abrandei os meus passos e estava de novo no semáforo, mantinha a cor vermelha, não existia nenhum carro, nenhuma pessoa, nada. Tudo em silêncio. A neblina aumentava e regressei à estalagem. Nessa noite não dormi, tinha a sua presença constante no quarto. Ainda hoje, interrogo-me se aquilo foi real ou fruto da minha imaginação, quem sabe se foi o espírito de uma bela dama que regressou do passado, uma daquelas que um dia desejaram fazer algo que era proibido no seu tempo.
Um dia regressarei a Portas de Rodão.

Beijos
J.