Quero mais ... Sentia a música ...


O tempo não existia mais, estava sozinha, sentia-se estranhamente feliz naqueles dias. Decidiu fechar as persianas e correu as cortinas ficando a casa numa penumbra. Foi buscar uma vela que acendeu devagar, depois um pau de incenso de aromas proibidos, recreou no lume da vela, nos fumos relaxantes… Um cd de jazz suave, com som ao vivo.

Fechou os olhos e sentiu plenamente a música, uma suave e grave voz de mulher acariciava os seus ouvidos, sentia-se como um animal melado à procura da carícia do seu dono, mas o dono não estava. Uma suave excitação subiu pelo seu corpo ao recordá-lo. Como um gato que passa com o lombo erguido pela esquina das portas procurando o tacto do seu amo, assim, ela, precisava do calor das mãos do seu amante.

Fechou os olhos e começou a dançar, tirando a roupa, pouco a pouco, lentamente, desfrutando do momento. Podia vê-lo. Fazia-o para ele. Estava em frente a ela, a observando fixamente com aqueles olhos castanhos e doces. Não falava. Caiu de joelhos. Começou a acariciar-se, transformando as suas suaves mãos nas mãos dele. Um gemido de prazer saiu da sua boca. Via-o na sua imaginação, como tinha saudades.

Introduziu dois dedos na sua boca, lambendo-os tão sensualmente que se excitou naturalmente. A boca era uma das partes do corpo que mais desfrutava, que mais gostava. Suavemente, imaginou-se que aqueles dedos se convertiam no seu magnífico talo e a saliva na humidade do seu sexo. Continuou, imaginando, começou a tocar um peito apertando-o cada vez mais forte, mesmo até esse ponto onde se confundem as sensações de prazer e dor. Mesmo aí, sim, pronunciou o seu nome, J. recordava como gostava de tocar o seu peito, como o via desfrutar.

Inclinou para atrás a sua cabeça. Através dos seus olhos fechados contemplava aqueles dois amantes, como loucos, como animais. Aumentando a sua excitação, levou a sua mão ao seu húmido sexo, roçando-o de leve, molhando-a por completo e seguindo um estranho ritual antigo, animal, próprio de um mamífero que se deixa guiar pelo rastro do cheiro, levou os dedos ao seu nariz, aspirando aquele aroma estranho mas ao mesmo tempo familiar, porque era o seu, a ela pareceu-lhe que estava a cheirar o seu amante, era apenas uma lembrança que procurava juntar-se, seguindo as ordens da natureza.

Sem dúvida, ele estava ali, com ela. Transformou-se no seu próprio amante, como um senhor invisível que levasse dentro a essência dele. E ele ordenava, exigia-lhe que se acariciasse, ela o fazia docilmente, naquele momento qualquer coisa que lhe pedisse teria sido satisfeita. Só para ele. Só para ele...

Gemidos abafados, a sua respiração acelerava-se a cada vez mais. Desejava tanto estar entre os seus braços. Os seus peitos erguidos, o mamilo erecto que apertava entre os seus dedos, lhe recordavam tanto a ele quando os mordia. Baixou a sua mão lentamente, sobre a sua pele tensa, brilhante de suor, passeou-a pelo seu umbigo, parou em frente ao seu excitado sexo, com a sua mão esquerda, separou os húmidos lábios, deixando ao descoberto o segredo do seu prazer, sentiu algo fantástico, ela acariciava-se, sabia onde e como, quando e quanto...

Os seus dedos suavemente começaram a mover-se, com ritmo, docemente, a sua respiração acompanhava o movimento, começou a ficar ruidosa, o prazer ia aumentando ao mesmo tempo que os seus dedos a acariciavam mais e mais depressa. Desejou ser penetrada pelo sexo do seu amante, introduziu os seus dedos dentro do quente, derretido sexo e mal os notou.

Obediente, seguia as pautas imaginárias. As suas pernas fecharam-se com um queixume quase doloroso, e desejou ardentemente aquele presente de seu Deus pagão, o sexo do seu homem. O ar estava denso, áspero, respirava com dificuldade e os seus gemidos roucos de desejo intensificavam a velocidade com que movia a sua mão, não era suficiente e o desejou tanto que procurou algo que substitui-se, o sexo do seu homem no seu interior...

Alongou sua mão para a mesa-de-cabeceira, encontrou um brinquedo, o seu brinquedo que a esperava, como das outras vezes, abriu as suas pernas, levantou um pouco as nádegas e num movimento com ritmo, tão sensual, introduziu-o no seu expectante sexo, lançando um suspiro de prazer intenso. Voltou ao ritmo que seu corpo lhe exigia e repetiu, uma vez mais, seu nome... J.
Sim, ele estava ali. Dentro do seu corpo, nas suas mãos, nos seus dedos e na sua pele, em uma entrega absoluta, e no meio de um longo gemido, dedicou o seu prazer por inteiro ao inspirador das suas fantasias, daqueles sonhos repletos de sensações que a assaltavam no seu íntimo.

Como esses pedaços de vida que ambos compartilhavam, jogos privados irresistíveis e fascinantes, horas secretas que ambos desejavam com igual intensidade, mistura de luxúria, sensualidade e descobertas, como dois adolescentes recém-chegados ao mundo adulto, livres e prisioneiros do mútuo desejo inesgotável.

Fechou os olhos e brindou-lhe esse instante, agradecendo-lhe em silêncio todos aqueles momentos ao seu amante, ao instigador do seu desejo...

Nunca esquecerei e serei mais assíduo…prometo.

Beijos
J.