Quero mais ... Rosana ...

Somos dois solitários na hora do jantar. Somos temporáriamente sós. Frequentamos o mesmo restaurante, dois ou três dias por semana, às horas que jantamos, já quase todos estão de saída e apenas nós ficamos. Tu, lá no canto ao lado da janela, sempre a mesma mesa, tal como eu, mais um pouco à frente. Ficamos sempre de frente e quase sempre temos os mesmos gostos culinários. Mas penso, imagino-te, quem serás? O que farás? Temos quase a mesma idade, temos os mesmos corpos, atléticos, conservados. Olhamo-nos diariamente, o teu sorriso, o teu “boa noite” entre lábios com voz discreta. O teu olhar, o meu olhar, dizemos tudo o que queremos um ao outro. Esta noite sinto que queremos algo especial…

Na sobremesa, adorei a forma como comias a salada de fruta, gostei particularmente da forma como ingerias e lambias a manga, sei que foi uma provocação, sei que tinha de te conhecer, resolvi esperar que acabasses e te perseguir, a minha intuição me despertava. Saíste do restaurante e eu te segui, estava escuro cá fora, mas um ar quente da noite de Primavera, desces-te os dois degraus do restaurante e paras-te, fiquei à porta, olhas-te para mim e notei que falas-te para a minha alma: “segue-me”. Sim, foram essas as palavras não soletradas, não ouvidas, mas sim, sentidas.

Comecei a seguir-te, em ruas que nunca tinha passado, aceleravas mais o passo, estava seduzido com os teus movimentos, com as tuas curvas, com o teu olhar furtivo. Mantinha uma distância que com os teus passos, fiquei a saber que era essa a distância que querias, nunca o perguntei, mas aceitei e mantive. Percebi rapidamente que conhecias bem essa parte da cidade, essas ruas estreitas, em que quase não se via vivalma, entras-te numa rua bastante escura, segui-te e dobras-te a esquina, como estava escuro, acelerei mais um pouco e ao dobrar a mesma esquina esbarrei em algo humano, senti medo, um calafrio.

Nem tempo tive de pedir perdão, porque a tua boca se colou à minha, boca húmida, quente, abracei-te, senti o teu corpo contra o meu, naquele momento acho que fiquei em branco, quando ia corresponder ao teu beijo, tu te separas-te e foste caminhando novamente, nem hesitei, segui-te. No fim da rua dobras-te uma outra esquina, fiquei com o coração a bater mais forte, mas queria dobrar com mais pressa essa esquina, mas não estavas lá, mas sim a abrir uma porta de uma casa, aproximei-me, porque o teu olhar me convidou, entras-te e deparo-mo com um jardim com uma luz ténue, tipo um néon meio avermelhado, entrei e me agarras-te novamente.


Boca na boca, lábios com lábios, língua com língua, nunca mais nos separamos, mãos na pele, mãos com mãos, sempre nos tocando e beijando com paixão, fomos indo para um hall de entrada, as minhas mãos já desapertavam a tua blusa, a tua boca corria o meu pescoço provocando-me uma sensação deliciosa, beijava a tua orelha, o teu pescoço o teu ombro enquanto retirava a tua blusa, estavas louca, estava louco, as tuas mãos corriam ora as minhas costas, ora o meu peito, desapertando a minha camisa, ficamos sem a parte das roupas do nosso corpo semi-nu, mas quente, libertei o teu soutien, os teu peitos ficaram soltos, via pela luz ténue, eram tesinhos, não muito grandes, mas gostosos, sentia a tua mão a massajar o meu sexo por cima das calças. Incrível a sensação de ter quatro mãos a despirem, nem queria acreditar.

As minhas mãos tiravam a tua saia e as tuas as minhas calças, mas as tuas também tiravam a tua saia e as minhas as minhas calças, mas não ficávamos pelas mãos, eram os lábios, a língua que corria pelos nossos corpos numa sensação de desejo. Completamente nus, enredados em carícias, tolas, lábios percorrendo zonas íntimas, sensações proibidas, beliscadas em peitos, erectos, macios. Ventres, clítoris, glande, procuramo-nos, encontramo-nos, lambemos-mos, comemo-nos, suspiramos palavras obscenas, palavras de desejo, de paixão, de luxúria, de tesão, palavras soletradas e não ouvidas.


Apertamo-nos, queres que te penetre, quero te penetrar, tu sobre mim, minhas mãos fincadas nas tuas nadegas, teus peitos enchendo a minha boca, meus dedos à procura do teu cú húmido, meu sexo entrando em ti, desejos, gritos miudinhos, mais palabras encurtadas, desejos de possuir-nos, dominar-nos. Movimentos, suores, prazer. Palavras que exprimem sexo, os meus gemidos, os teus orgasmos loucos, o sémen escorrendo, as entranhas quentes, o não acabar, foder sempre, de acabar para voltar a começar. O silêncio da noite, os grilos cantando, quebrado pelo silêncio da nossa luxuria. Acabar e começar.

Acabamos de nos conhecer físicamente.

Para ti Rosana…. Têm sido bons momentos….






Beijos



J.