Quero mais ... Margarida ...


Há alguns anos atrás, antes umas semanas do Natal, e em conversa com um colega que é muito solidário em causas nobres, aliás é um voluntário de alguns organismos internacionais, telefonou-me a pedir se não podia ir com ele a uma instituição de órfãos invisuais, levar uns teclados que tinha recebido de um organismo espanhol, teclados em Braille. Aceitei o seu pedido e fomos à instituição levar o referido material, depois de termos entregue, ele pediu para o aguardar um pouco lá numa sala, que tinha de falar com o director. Aceitei porque a referida sala tinha uma biblioteca sensacional, muitos livros em Braille, outros não e de bons autores. Vasculhei em algumas instantes e comecei a folhear um e outro livro, em pé, estava tranquilo, tinha todo o tempo.

Entretanto a porta do salão que fazia de biblioteca, abriu-se, e uma jovem com a sua bengala vem directamente a mim, desviei-me e ao fazer bati com o ombro numa instante e os livros caíram, fiquei atrapalhado e fui-me desculpando, rindo-me da trapalhada feita. Ela também riu com um riso claro e a sua voz produziu uma sensação estranha no meu peito, que fez com que me detivesse em frente a ela e ainda alguns livros no chão.

- Já me tinha dado conta que alguém estava aí. Disse baixando-se para ajudar a apanhar os livros.

Nesse momento, olhei a sua cara e dei-me conta que era realmente formosa. A sua tez branca, o seu nariz respingado e umas preguitas nas bochechas, davam-lhe um ar um tanto travesso, usava um casaco fino de malha de cor branca tingida e umas calças castanhas de fazenda apertadas, este conjunto de roupa, deixavam ver as suas linhas corporais, que não eram poucas. O que mais me chamou a atenção, é que não usava nem óculos, nem lentes escuras como os outros cegos, e os seus olhos pareciam normais, excepto que os mantinha fixos, girando unicamente a cabeça completa quando falava.

- É o senhor da IGSTREDS? Disse.
- Sim, sou. Disse ficando a pensar que é difícil ser subtil com uma mulher cega, assim não caio em tentações.
- José pediu-me que te acompanhasse enquanto terminava com o director. Disse.
Recolhia o último livro caído, coloquei-o na estante e também o que tinha estado a folhear.

- Qual é o teu nome? – Disse, enquanto arranjava os livros na estante.

- Margarida.

Até o seu nome era perfeito... e para minha surpresa nesse momento não me importei que fosse cega, já nem sequer me parecia um defeito.

Ela começou a começar a caminhar, fazendo girar a sua bengala e eu sem o pensar disse:

- Não! Agarra o meu braço, é melhor.

- Obrigado, posso sozinha... - disse meia zangada e pensei rapidamente a maneira de sair daquele embaraço.

- Por favor, não quero que leve a mal, apenas quero a ajudar.

Ela sorriu, levou a sua mão à procura do meu braço que facultei o caminho e rapidamente o abraçou e começou a andar, quase me levando aos empurrões. A sua pele era suave e o contacto da sua mão na minha dava uma sensação demasiado agradável, disse-lhe que nunca tinha levado um invisual pela mão, para ela me ensinar como o fazer, e enquanto dizia isso, parou, e uma das suas mãos procurou o meu rosto, começou a passar a ponta dos seus dedos como se de uma carícia se tratasse.

- Permissão... - disse com um sorriso.

- Já o estás a fazer de modo que continua. Guiei a sua outra mão para minha boca para lhe demonstrar que estava a sorrir.

Quando terminou, aferrou-se no meu braço e começamos a caminhar até uma bancada no pátio interior da escola. Conversamos todo o momento e aproveitei o para lhe perguntar que relação tinha com José e disse-me que só eram amigos. E após alguns minutos, José chegou, falamos um pouco e ao despedir-me da Margarida, perguntei se podíamos conversar mais um pouco outro dia, ela disse que sim, estava meio tonto pela emoção, despedi-me com um beijo na sua bochecha.

Quando íamos já a caminho do carro, o meu amigo, deu-me uma pancada com a mão nas costas e disse-me que ela era como uma irmã se tentasse algo que me matava, para depois começar a rir para aliviar a ameaça.

Passados dois dias procurei a Margarida, falávamos um pouco na biblioteca da escola, começamos a conversar, três dias por semana, depois falávamos todos os dias. Ela tinha perdido a visão já sendo uma menina, por culpa de um tumor que apesar de ser benigno era até ao momento impossível de ser retirado, pelo que conhecia as cores e as formas. Em toda a parte do nosso tempo, dedicava-me a ler-lhe contos, a ler uma história, ela contava-me de livros, autores, de arte, sim de arte, muito letrada, culta e inteligente, tinha poesia nas suas palavras, dizia-lhe alguns poemas, uma vez sentados na relva do parque li-lhe uma série de poemas, sabendo que a sua imaginação conseguia se transportar a esses lugares como se os visse, tentava narrar ao pormenor as nuvens, as arvores, as estrelas, o mar…

A verdade é que nunca tinha conhecido alguém como ela e ainda agora as lembranças daqueles dias enchem-me de uma nostalgia que me é difícil expressar com palavras. A minha mente chega a lembrança de um dia, em especial este em que nunca me tinha atrevido a passar para além de um beijo e algum roçar casual na sua anatomia, já que agora saímos para lugares públicos.

Nesse dia, um sábado levei-a ao meu escritório, comecei a descrever o prédio desde o exterior, a sua constituição, as cores, os materiais, depois o hall, o porteiro, de seguida o elevador e por fim a porta de entrada. Entramos e disse-lhe o código que introduzia no teclado numérico do alarme, de forma a ele não disparar, depois corri todos os gabinetes de secretários, secretárias, salas de reuniões e por fim o meu, mostrei-lhe em apalpadelas a mesa redonda, as cadeiras, a minha secretária, o computador, etc., sempre indicando as cores, que era o que mais adorava saber e imaginar, fazia com que a sua mão sentisse os materiais. Aquele dia tinha sido combinado, pela sua curiosidade em conhecer o meu local de trabalho e queria o conhecer sem ruídos, isso só seria possível, num fim-de-semana. Propus e aceitou, daí estarmos aqui.

Vestiu-se de uma maneira especial, senti isso, nunca a tinha visto assim, tinha colocado uma saia não muito comprida, plissada, azul-marinho, uma blusa branca com um folheado na parte dos botões que transparecia os seus peitos cobertos por um sustento de encaixe branco interior, estava esplendorosa, em todo este percurso que a acompanhei, ela sempre esteve junto a mim, agarrando o meu braço, permitindo todo este caminho sentir o seu corpo como poucas vezes tinha me atrevido. Sentamo-nos no cadeirão junto á janela, cadeirão que costumo em horas a sós estar esticado a ler, coloquei os painéis decorativos das janelas a formar uma luz ténue que entrava, coloquei uma música suave, e quando me sentei a seu lado trazia um livro que tinha prometido ler, ela chegou-se a mim e com a ponta dos seus dedos começou a acariciar o meu rosto, como daquela primeira vez que nos vimos.


- Gosto da tua cara de menino maroto, mas envelhecida. Disse.

Quando lhe ia dizer a minha idade, ela fechou os meus lábios com um beijo. A sua boca parecia feita de mel e os seus beijos pareciam transportar-me a outro mundo. As minhas mãos por instinto começaram a percorrer o seu corpo, por cima da sua blusa. Sem deixar de me beijar, os dedos de Margarida começaram a abrir a minha camisa e a percorrer o meu peito. As suas carícias eram tão delicadas e a sua pele tão suave que me produziam uma sensação infinita de impulsos, ademais as suas mãos percorriam um a um todos os meus músculos, foi então que que dei conta que além das carícias estava memorizando o meu corpo.

- Gostava de aprender a fazer isso, quando me vais ensinar? Disse quase sem pensar.

- A fazer o quê - disse um pouco estranha.

- A percorrer assim a minha pele, dá a impressão que estás a gravar a cada centímetro e isso eu gosto...

- Se... quero recordar-te para sempre - disse com uma risada e prosseguiu.

Já que estávamos nessa, coloquei as minhas mãos no seu joelho e lentamente comecei a percorrer o caminho das suas coxas, por baixo da sua saia. Ela deixa-me fazer e quando ia chegar ao seu sexo, ela mudou de posição e começou a beijar o meu peito deixando as minhas mãos demasiado longe para terminar o meu percurso pelas suas coxas. De modo que comecei a abrir a blusa de Margarida enquanto roçava a pele exposta dos seus peitos com as pontas dos meus dedos imitando a forma como ela o tinha feito na minha pele.

- Não me leste ainda o livro prometido. - Disse por fim, fechando um pouco a blusa.

- Não tinhas pedido - disse enquanto procurava o livro que entretanto tinha caído ao chão.

Quando me agachei para recolher o livro, a vista sublime das suas pernas e a sua calcinha branca como a neve, bloqueava-me e parei atónito naquele cenário. Ela, de alguma estranha forma pareceu que naquele momento se deu conta do que fazia ou via, levou a sua mão à minha cabeça, olhei o seu rosto, a sua expressão era de desejo, e isso provocou a minha libido.

- Vem, lê e faz um pouco de carinho. Disse.

Abri o livro e fui à página que lhe queria ler, comecei a ler, encostou-se a mim, e ao fim de alguns minutos, começou a beijar o meu pescoço, levando uma mão ao livro fechando-o, levou as mãos à minha camisa que só faltavam apenas dois botões para ficar desabotoada, desapertou-os e retirou-me a camisa, começamos a beijarmo-nos novamente.

- Deixa-me tocar as tuas costas – disse. Estiquei-me no cadeirão de boca para baixo.

Ela começou a percorrer suavemente a pele dos meus ombros com os seus dedos produzindo uma sensação estranha, mas agradável, e eu para lhe dar espaço desapertei o meu cinto. Realmente não sei como, mas naquele momento dei-me conta que estava apenas com o boxer e ela estava sentada em cima das minhas nádegas, com as mãos nas minhas costas, dedicando-se a percorrer o meu corpo com os seus lábios, os seus peitos nus e o seu ventre. A sensação era indescritível, já que estava a ocupar todo o seu corpo em carícias e podia notar o delicado roçar do seu sexo nas minhas costas através do delicado tecido da sua calcinha. O meu cérebro parecia que ia ter um colapso de tantas sensações novas e perdi outra vez a noção do tempo... ou melhor dizendo que desejava que nunca parasse. Mas, de repente algo perturbou os meus pensamentos

- Quero que conheças o meu mundo - disse se detendo abruptamente.

- Agora? – A minha voz soou decepcionada.

- Vamos, não acho que te vás arrepender, fecha os estores e traz um lenço.

Com estranheza procurei um lenço e depois fechei todos os estores. Tudo ficou escuro.

- Vem cá - disse-me e eu sentei-me às apalpadelas outra vez no cadeirão, já que os meus olhos ainda não se tinham acostumado à escuridão.

Margarida colocou-me o lenço nos olhos como uma venda, cuidando de manter os meus ouvidos livres e afastou-se um pouco de mim.

- Não tinha muito mas algo encontrei - disse e apoio a minha cabeça no seu regaço. As minhas mãos começaram a acariciá-la e para minha surpresa dei-me conta que se encontrava nua.

- Tranquilo... deixa-me a mim - e separou as minhas mãos do seu corpo.

Aproximou um peito ao meu rosto e lentamente começou a roçar a ponta do seu mamilo sobre o meu rosto. De imediato uma erecção no meu sexo, fez-se notar, apertando-o contra o boxer, e não sei bem como, mas ela pareceu o notar.

-Sentes algo? – Disse.
- Sim, é agradável. Ao dizer-lhe isto, começou a passar um objecto redondo e algo áspero pelo meu rosto.

-Que é isso? Disse, estranhando.

- Também é agradável?

- Não é o mesmo - realmente estava estranhando.

- Porquê? Qual é a diferença? – A sua voz pareceu-me similar à que usava a minha mãe, quando me repreendia em miúdo.

- Porque é rugoso e cheira a laranja. Disse. E nesse momento compreendi, não tinha colocado atenção a que cheirava a sua pele, nem também ao seu sabor...

- Deixa-me ver a que cheiram os teus peitos. Respondi.

Levantei-me e tacteando, chego a eles. Os peitos de Margarida tinham um cheiro doce e subtil, mistura do aroma da sua pele e o delicado perfume que ela usava. Coloquei a minha língua com muita suavidade e provei o sabor salgado da pele dos seus mamilos, dando-me conta da subtil diferença. Cada vez que encontrava algo diferente ia comentando as minhas descobertas no seu ouvido com uma voz suave e vibrante. Surpreendia-me com a facilidade com que se formou na minha mente uma imagem, cada vez mas detalhada de cada parte pela que passava com os meus lábios, mas esta imagem estava sobreposta com cheiros e sabores o que fazia que o corpo de Margarida parecesse escapar às três dimensões que normalmente estamos acostumados, produzindo-me uma sensação de vertigem.

Quando ia pelo seu ventre o cheiro da sua pele mudou drasticamente e o sabor salgado incrementou-se, tinha momentos em que Margarida dava pequenos gemidos, especialmente quando me aproximava do seu pescoço para lhe comunicar as minhas descobertas. O novo aroma da sua pele era agradável e acordou uma parte do meu cérebro que nunca pensei algum dia descobrir. De repente senti-me incrivelmente excitado mas como não desejava que isto acabasse, só me contentei em percorrer com a ponta dos meus dedos o caminho até ao seu sexo para o tocar um pouco. Não me surpreendeu em nada comprovar que estava molhada e o contacto das minhas mãos nessa zona produziu um estremecimento em todo o resto do seu ser.

- Mostra-me tuas costas - disse e ela se pôs de bruços.

Com muito cuidado comecei a morder a sua orelha e a respirar no seu pescoço. Com os meus lábios rocei a pele dos seus ombros para depois seguir lentamente pelas suas costas através da sua coluna vertebral. Margarida começou a revolver-se emitindo pequenos grititos mas eu não prestei atenção, desejava percorrer cada centímetro do seu corpo de modo que sem pressa varri as suas costas e as suas nádegas, enquanto com a minha mão acariciava a sua vulva.

De repente ela deu a volta e disse desesperada:

- Basta, João.

Algo dizia-me que não estava bem. Tirei o lenço dos meus olhos e via-a na penumbra. Via o seu rosto triste e os seus olhos fixos de boneca. Estendeu as suas mãos procurando o meu rosto e eu as agarrei no ar, beijei-as com ternura, depois segui pelos seus braços e beijei a sua boca húmida e doce. Com o movimento do beijo, deitei-a docemente no cadeirão e comecei a percorrer o seu corpo sem a deixar de a beijar.

Aquele cheiro subtil voltou da sua pele, de modo que comecei a beijar o seu pescoço, os seus peitos, o seu ventre e o seu sexo. Fechei os olhos e afundei a minha cabeça entre as suas pernas. Os meus lábios pareciam ter vida própria e pela primeira vez atrevi-me a embriagar-me com o seu cheiro. Para minha surpresa não encontrei nenhum cheiro desagradável, naquele momento a minha excitação disparou e comecei inconsciente a percorrer todos os seus poros com os meus lábios e a minha língua. Margarida revolvia-se como tentando separar-me e por outro lado enterrava-me com as suas mãos profundamente em si, enquanto gemia.

Um orgasmo descomunal apoderou-se do seu corpo e quando tudo acabou agarrou-me pela cabeça e sem lhe perguntar algo deu-me um beijo desesperada, deitando-me para o lado, colocou-se em cima de mim e enterrou violentamente o meu sexo dentro do seu, movendo-se furiosamente enquanto gemia. Os seus peitos balanceavam com um compasso frenético, mal acompanhava com as mãos o seu ritmo. O segundo orgasmo foi coisa de segundos e este foi tão terrível e intenso como o anterior.

Pensava que ia parar, mas ela continuava movendo-se, e desta vez foi diferente, a forma de balancear das suas nádegas mudou, colocou uma mão no meu rosto suavemente, enquanto outra apoiava na minha barriga, Coloquei as minhas mãos nos seus peitos duros, apertei os mamilos erectos e ela aproveitou esse apoio extra para acelerar o ritmo das suas nádegas e agregar-lhe um movimento circular.

Esse movimento começou a deixar-me louco e ela já o notava, acelerou o mais que pôde. Ao que parece ela estava à espera do meu orgasmo, começou a gemer e a esfregar o seu clítoris contra mim, a expressão ténue do seu rosto mudou e nesse momento perdi-me no prazer do meu orgasmo, enquanto ela atingia o prazer pela terceira vez. Caiu rendida nos meus braços e lentamente começou a esfregar-se de novo, lentamente, uma vez mais beijei os seus lábios, tentando dissipar os seus fantasmas, mas ela separou-se.

Olhou para mim, na escuridão que já não era escuridão, tinha-me habituado, vi que algumas lágrimas caiam-lhe dos olhos, com os meus dedos limpei o seu rosto.

- Vou ser operada em Cuba, para a semana. Disse sem que eu compreendesse bem a que se referia.

- Estarei aqui esperando-te. Disse. A verdade é que após aquele dia sentia-me capaz de qualquer coisa por ela. Sentia-me apaixonado por ela.

- Não vou voltar.

Ante essa notícia não soube realmente o que dizer, fiquei calado.

- Tenho-me que ir - disse ela enquanto tacteava em procura do lugar onde tinha deixado a sua roupa.

- Não vou deixar que isto termine assim. Disse, enquanto a ajudava a encontrar a roupa e a colocava nas suas mãos.

- Que vais é inevitável, mas deixa-me tentar convencer-te que regresses, disse pegando na mão dela e colocando-a no meu rosto, para que sentisse a minha expressão de tristeza.
Depois dei-lhe um beijo longo e terno e guiei-a até ao banheiro.

Margarida foi-se da minha vida, para não regressar mais. Procuro-a incansavelmente…

Beijos
J.